Semelhanças com casos anteriores, em que recrutar pessoas com taxas de adesão ou compra de pacotes e fornecer lucro fácil e rápido, foi o estopim para o início da desconfiança dos promotores. “Quando li ou ouvir de pessoas que o vizinho estava ganhando tanto, sem se preocupar se a atividade é licita ou não, virou motivo de preocupação”, diz o promotor. O inquérito civil no Estado foi aberto na última terça-feira (2), após decisão conjunta da Promotoria de Defesa do Consumidor e Investigação Criminal, e do Grupo Articulado de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). O prazo para finalizar as investigações é de 90 dias, com possibilidade de prorrogação. “As pessoas deveriam se informar mais, olhar para os órgãos públicos [de proteção do consumidor], antes de aderir a qualquer investimento novo. Sabemos de pessoas que pegaram empréstimo, insistiram com familiares e amigos para comprar um pacote. Sem emitir uma decisão de mérito final, mas esses investidores, se confirmada a prática ilegal das empresas, alimentaram uma rede criminosa”.
O promotor desacredita que os investidores sejam punidos, mas seis ações contra a Telexfree tramitam no Tribunal de Justiça do RN, após o bloqueio do dinheiro pela Justiça – estima-se que o valor ultrapasse os R$ 20 milhões, se calculado pelo mínino de R$ 100 depositados semanalmente para os divulgadores. Das pessoas que tiveram suas contas bloqueadas de forma unilateral, cinco conseguiram garantir a reativação dos contratos celebrados e o acesso às contas. Todas as empresas serão notificadas. Caso seja detectada alguma irregularidade, e comprovada a pirâmide financeira, os responsáveis podem ser indiciados por crimes como estelionato e formação de quadrilha. Situação que mantém Francisco Antônio da Nóbrega Júnior tranqüilo. Diretor da equipe BBom em Natal, ele vendeu uma loja de carros e apostou na novidade. Hoje, seus rendimentos atingem os R$ 16 mil por mês.
“Está tudo na normalidade. Para nós do BBom, as investigações serão boas para separar o joio do trigo. Não vou dizer que a notícia sobre o Telexfree não abalou o mercado, mas estamos trabalhando em conformidade com a lei. Temos um bem físico [rastreadores de automóveis], um serviço diferenciado. Não atuamos com dinheiro por dinheiro para sustentar quem está no topo da pirâmide. Mas só existe culpado depois do julgamento. Vamos aguardar o que diz a Justiça”. Das seis empresas alvo do inquérito civil, o montante de dinheiro investido é desconhecido do Ministério Público, que pretende diferenciar o marketing multinível (voltado para a compra e venda de serviços e produtos) e a pirâmide financeira, cujo foco é a captação de clientes.
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