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terça-feira, 29 de março de 2011
Morre aos 79 anos José Alencar, ex-vice-presidente da República
O ex-vice-presidente José Alencar, morreu nesta terça-feira (29), depois de resistir por mais de dez anos ao avanço de um câncer no intestino. Esse jeito persistente de Alencar lutar pela vida resume bem os 79 anos de trajetória: nascido pobre, começou a trabalhar aos sete anos, saiu de casa aos 15 e chegou à vice-presidência da República como um dos maiores empresários do Brasil.
José Alencar Gomes da Silva nasceu em um povoado perto de Muriaé (a 300 quilômetros de Belo Horizonte) no dia 17 de outubro de 1931: o décimo primeiro dos 14 filhos de Dolores Peres Gomes da Silva e Antônio Gomes da Silva.
Independente desde criança, Alencar começou a trabalhar aos sete anos como vendedor em uma loja do pai. Aos 15, já estava de malas prontas para deixar a família e trabalhar como balconista em uma loja de tecidos. Nas palavras de Alencar, “o salário não pagava nem o aluguel de um quarto”.
Aos 17 anos, Alencar refez as malas para trabalhar novamente como vendedor em Caratinga, a 305 quilômetros de Belo Horizonte. No ano seguinte, ele já era um homem financeiramente livre.
Foi em 1949 que seu irmão mais velho, Geraldo Gomes da Silva, lhe emprestou dinheiro para abrir sua própria loja em Caratinga. No dia 31 de março de 1950, "A Queimadeira" era inaugurada.
O comércio vendia de tudo um pouco: guarda-chuva, sapatos, tecidos. Sem muito de onde tirar recursos para a loja crescer, Alencar comia marmita e dormia na própria loja, de acordo com seus próprios relatos.
Em 1953 ele vendeu a loja para abrir outra que comercializava cereais por atacado. Seis anos depois, e Alencar daria o passo decisivo para seu sucesso empresarial: com a morte do irmão Geraldo, em 1959, ele assumiu a empresa de tecidos União dos Cometas. Em 1963, fundou a Companhia Industrial de Roupas União dos Cometas e deu o nome de Wembley Roupas S.A.
Quatro anos mais tarde, foi a vez de se juntar ao deputado Luiz de Paula Ferreira para criar a Coteminas (Companhia de Tecidos Norte de Minas) na cidade de Montes Claros, a 425 quilômetros de Belo Horizonte. Em 1975, ele inaugurava a mais moderna fábrica de fiação do Brasil.
Hoje, a Coteminas se espalha por 11 cidades em Minas Gerais, Paraíba, Santa Catarina, Rio Grande do Norte e Argentina. A companhia, dona de quatro marcas, exporta de camisetas a roupões de banho para Estados Unidos, Europa e América do Sul.
Para quem ainda tem dúvidas do tamanho da Coteminas, basta lembrar que a empresa de Alencar desembolsou um terço dos R$ 137 milhões necessários para construir a hidrelétrica de Porto Estrela, no leste de Minas Gerais, que tem capacidade para levar energia a uma cidade de aproximadamente 300 mil pessoas. Tudo para reduzir custos.
Com tanto sucesso nos negócios, Alencar acabou presidente da FIEMG (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais) e vice-presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), o que lhe deu projeção nacional para virar político no começo da década de 1990.
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