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quinta-feira, 26 de abril de 2012

Médicos promovem paralisação de advertência e reforçam ameaça de greve



Os médicos que atendem na rede pública do Rio Grande do Norte aproveitaram ontem a paralisação nacional de 24 horas realizada pelos profissionais que prestam serviços aos planos de saúde e ameaçaram entrar em greve caso o governo do estado não atenda às reivindicações salariais da categoria, se somando assim aos servidores da saúde que já estão em greve. Os médicos realizaram uma paralisação de advertência.

A Cooperativa dos Médicos (Coopmed-RN) aproveitou a mobilização e anunciou que a partir de segunda-feira deverá suspender o atendimento de média e alta complexidade realizado nos hospitais particulares através de convênios com o Sistema Único de Saúde (SUS) por causa de uma dívida de R$ 8 milhões, acumulada ao longo dos últimos cinco meses pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesap).

Durante todo o dia de ontem foram paralisadas todas as atividades eletivas, como consultas, exames e cirurgias, além da redução em 30% os atendimentos de urgência de toda arede de saúde do estado. Ao todo, 12 unidades da federação suspenderam o atendimento através dos planos de saúde. É a terceira mobilização no intervalo de um ano, cobrando aumento nos honorários e melhores condições de trabalho.

Os médicos querem um salário de R$ 19.626,00 para 40 horas semanais. Durante audiência pública realizada na Assembleia Legislativa (AL), seguido de ato público na Praça 7 de Setembro, eles falaram sobre a rede pública de saúde no RN. À tarde, médicos e profissionais de várias áreas da saúde estadual deram um abraço simbólico no Hospital Walfredo Gurgel, o maior do estado. "A reivindicação básica é o piso estabelecido pela Fenam. Sugerimos várias propostas de negociação, mas até agora não houve sinalização positiva do governo. Outra preocupação é a terceirização, uma porta aberta para o clientelismo, apadrinhamento e para a corrupção. Terceirizar serviços de saúde, como parece querer o governo, enfraquece o SUS e mostra a falência do setor público. É o próprio gestor se considerando incompetente", argumentou Geraldo Ferreira, presidente do Sinmed.

O sindicalista se refere ao projeto de lei enviado recentemente pela governadora Rosalba Ciarlini (DEM) à Assembleia Legislativa, que delega às chamadas Organizações Sociais (OS) vários serviços públicos, entre eles o de saúde. O modelo adotado é o mesmo do Hospital da Mulher, em Mossoró, assim como ocorre na Unidade de Prontoatendimento (UPA Pajuçara) e nos Ambulatórios Médicos Especializados (AMEs), em Natal. "Queremos que a governadora retire da Assembleia esse projeto de lei. Se preciso vamos fazer grandes mobilizações para impedir que a saúde seja terceirizada", completa Sônia Godeiro, presidente do Sindsaúde-RN. No caso da greve dos funcionários da saúde, o sindicato que representa a categoria quer 15% de reposição salarial, incorporação de gratificações, novas contratações de funcionários efetivos e melhores condições de trabalho. "O governo sinalizou a contratação de 131 concursados, mas não avançou nos outros pontos", justifica Godeiro.A adesão dos profissionais de odontologia e dos estudantes de medicina é considerada importante na mobilização realizada ontem. "Profissional mal pago é paciente mal atendido. Além disso, temos uma pesquisa no nosso sindicato que atesta 62% dos postos de saúde de Natal fechados. Os profissionais estão lá, trabalhando, mas sem condições de atender à população. É preciso cuidar de quem cuida das pessoas, senão ele adoece também", disse Ivan Tavares, presidente do Sindicato dos Odontologistas do RN (Soern).

Faltam campos de atuação para estágios curriculares para os futuros médicos do estado. "Não temos sequer um ambulatório próprio na nossa faculdade de medicina. Usamos uma sala anexa que pertence à agricultura", afirmou o estudante Felipe Matos, que estuda na Universidade do Estado do RN (Uern), em Mossoró. "Está prevista a chegada de mais três escolas médicas em Mossoró. Não há infraestrutura necessária sequer para os que já estudam, quem dirá para tantos mais alunos dessas escolas". A Uern oferece 26 vagaspor semestre em seus vestibulares. Os universitários pedem mais vagas de residência médica na rede de saúde do Rio Grande do Norte, e não o credenciamento de mais escolas médicas do que as que já existem.

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