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segunda-feira, 22 de abril de 2013

Profissionais e populares protestam pelo funcionamento das pediatrias nos hospitais do Rio Grande do Norte

Realizado esta manhã, ato público criticou fechamento da pediatria do Hospital Santa Catarina desde a última sexta-feira. Foto: Wellington Rocha
Para protestar contra o fechamento das pediatrias de hospitais públicos do Estado, servidores da Saúde, médicos e enfermeiros, participaram, na manhã desta segunda-feira (22), de uma manifestação em frente ao Hospital Santa Catarina, na zona Norte de Natal. O ato público foi realizado pelo Sindicato dos Trabalhadores da Saúde do Rio Grande do Norte (Sindsaúde/RN), o Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Norte e o Fórum Norte-riograndense em Defesa do SUS e Contra as Privatizações, e contou com o apoio de populares, indignados com a suspensão do atendimento.

No Hospital Santa Catarina, o setor de pediatria encerrou as atividades na última sexta-feira (19), pois a escala dos médicos só cobria os atendimentos até essa data. Durante o final de semana, quem procurou o atendimento, mesmo em casos de urgência, teve que se dirigir a outras unidades.

Para a diretora do Sindsaúde, Rosália Fernandes, as conseqüências do fechamento da pediatria pode acarretar em grandes consequências para a população que depende do serviço. “Os profissionais que estavam no Hospital Santa Catarina só completavam a escala até a sexta-feira, pois já cumpriram toda a sua carga horária e não há quem os substitua. Esse é um hospital com demanda aberta de pediatria. É como um pronto socorro pediátrico. O fechamento dessa e das demais pediatrias é algo muito sério, pois pode levar à morte de crianças, que doentes, mesmo em casos graves, não terão onde ser atendidas com rapidez, tendo que ser levadas para locais mais distantes, por falta de opção”, disse Rosália.

Na manhã de hoje, enquanto acontecia o protesto, uma criança de dez anos chegou ao Hospital, em crise convulsiva e não havia pediatras para atendê-lo. Ele foi socorrido pela médica pediatra do Centro de Obstetrícia, que fez os procedimentos de urgência e, em seguida, encaminhou a criança para outro hospital.

A auxiliar de serviços gerais, Angélica da Silva, também tentou o atendimento para a filha de oito meses, que apresentava febre, vômito e dificuldade na respiração, mas foi surpreendida com a falta de pediatras. Segundo Angélica, essa situação representa falta de respeito para com os usuários e mostra a falta de interesse do Governo em resolver a crise na saúde pública. “Cheguei aqui, com minha filha doente, faltei o trabalho e ela nem foi atendida. Me mandaram ir para o Hospital Sandra Celeste, que fica do outro lado da cidade e eu fico preocupada de fazer uma viagem dessas com minha filha nesse estado. Isso é uma falta de respeito com a população. O Governo não liga pra ninguém e deixa o caos na saúde cada vez maior”, disse Angélica.

Além do Hospital Santa Catarina, as pediatrias de outros hospitais, como o Walfredo Gurgel e o Deoclécio Marques, em Parnamirim, também estão prestes a encerrar as atividades do setor. O principal motivo é a falta de médicos pediatras para atender à grande demanda.

Para o médico Flávio Cunha, plantonista da extinta pediatria do Santa Catarina, a falta de profissionais se deve à diversos fatores que devem ser estudados e corrigidos pelo Governo. “Muitos pediatras estão se aposentando, outros pediram demissão e os que estão se formando não se interessam em trabalhar para o Governo por um salário de R$ 4,3 mil. O Governo precisa reestruturar o quadro de profissionais para cumprir as escalas e atender a demanda, mas para isso não basta abrir concurso. É necessário pagar um valor justo, pois há muitos pediatras no Estado, mas por esse salário, nem o concurso os atrairia”, afirmou o pediatra.

A pediatria do Hospital Walfredo Gurgel também encerrou as atividades na manhã de hoje, quando, às 7h da manhã terminou o plantão do último pediatra, sem ter quem o substituísse. Para dar continuidade aos protestos, o Sindsaúde/RN realizará mais um ato público nesta terça-feira, às 9h, em frente ao Hospital Walfredo Gurgel.

De acordo com a coordenadora geral do Sindsaúde, Simone Dutra, é importante que os profissionais da saúde e a população se unam para cobrar dos governos estadual e municipal, a solução imediata para essa questão de saúde pública. “Até o momento, o Governo não sinalizou nenhuma resolução para esses problemas. O que nós temos de fato é uma população completamente desassistida, pelo descaso absoluto desse Governo que infelizmente não tem o menor compromisso pelas vidas que estão se iniciando agora. Estamos chamando a população para reivindicar e exigir que isso se resolva. Queremos que a Prefeitura abra as Unidades de Pronto Atendimento (UPA) para atender à infância também. Essa é uma campanha em defesa da vida e a população deve lutar por isso”, disse Simone.

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